domingo, 11 de setembro de 2011

Projeto Braseiro: o teatro para além da cena


O Projeto Braseiro surgiu da parceria entre o Grupo de Pesquisas e Experimentações Teatrais (Gpet), coletivo de pesquisa em teatro fundado em 2009 por artistas graduados no Curso superior em Artes Cênicas do IFCE, e o Instituto de Juventude Contemporânea (IJC), ONG que há 12 anos trabalha por políticas públicas para juventudes de todo o Brasil.

É uma ação formativa e cultural que prevê a montagem e a circulação, pelo Ceará, de um espetáculo teatral a partir do texto “Braseiro” do dramaturgo cearense Marcos Barbosa, contemplando conjuntamente atividades de pesquisas internas, colaborações de artistas de outras áreas, intercâmbios com o grupo Teatro Máquina, de Fortaleza, e a realização de atividades formativas como oficinas de teatro para jovens de grupos de teatro de comunidades, ensaios abertos e debates sobre o processo e apresentações.

A intenção é poder inserir os/as jovens que participarem das oficinas no processo de construção do espetáculo, incluindo-os na atividade profissional artística e no trabalho teatral colaborativo, levantando o acesso à cultura e a inclusão como uma bandeira de luta transformadora. Ao todo, 40 jovens que participarão para 40 horas de oficinas práticas e teóricas em teatro. Ao fim do curso, 3 jovens serão selecionados para acompanhar o Projeto Braseiro como estagiários, vivenciando de perto o processo de criação e produção do espetáculo teatral proposto.

O intuito é realizar 12 apresentações gratuitas do espetáculo em Fortaleza, Sobral, Pacoti, Crateús e Crato, com debates após as sessões. Este é o compromisso do IJC e do Gpet com o Projeto Braseiro, atuar para o aprofundamento da democracia através da Cultura, acreditando na arte, no debate, na formação e na construção coletiva.

Conheça o IJC clicando aqui!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Águas férteis

Escrevi este texto no final do ano passado. Só hoje resolvi publicá-lo porque reflexões sobre o meu trabalho de ator vieram à tona dia desses e ao reler meu escrito, senti-me acalentado/instigado novamente. Se quiser conhecer mais dos meus textos acesse meu blog.

Danilo Castro

Ser ator, artista, ao contrário do que muitas equivocadas mentes estabelecem como conceito ingênuo, não é transviar-se em absoluta subversão. Ser ator é como ser um técnico especializado no funcionamento das mais difíceis engrenagens de uma maquinaria imensamente complexa. Talvez ainda pior, porque além de parafusos, alavancas, manivelas e roldanas, trabalhamos com uma energia inenarrável, com um encantamento indócil, com alguma força misteriosa que um dia me enlaçou, sufocou-me, e cá estou arriado, num estado de perdição incondicional, rendido, com os braços atados às costas.

 Ao ter contato com um dos mais preciosos nomes da pedagogia teatral contemporânea, o italiano Eugênio Barba, senti-me alvoroçado novamente, o alvoroço que outrora me encurralou em textos de um desabafo puro, retoma-me, re-doma-me e traz-me de volta ao contato com o mais íntimo de mim mesmo. Após a palestra de ontem eu (e mais um grupo de artistas sedentos pelas águas férteis desse homem estranho que me atordoou) refleti muito sobre meu trabalho na peça que estréio daqui a alguns dias. Então, por que não registrar? O “Revoar” é um filho impregnado das vísceras mais pegajosas que existem em mim, é uma expressão de conquista parida em repetidas doses de um embriagamento louco. É um vômito do qual tenho muito orgulho.

A atriz Julia Varley, dirigida por Barba no espetáculo “O Castelo de Holstero” mostrou-me com um refinamento deslumbrante, muito do que já sabia por livros, mas na prática se diluía no meio do meu amadorismo, comodismo ou qualquer outra coisa do tipo. Ela está o tempo todo num tom abaixo do que ela pode ir, um tom poético que não é, de nenhuma forma, o máximo que ela pode dar, porque quando menos se espera, feito cobra valente, ela dá o bote e surpreende além do que se pode imaginar.  Ela é duma leveza, duma calma, algo que me chocou, pois nela percebi o sumo mais puro da arte de ator. Sim, ela era a sereia e eu fui fisgado pelo seu canto, sou eu o seu peixe dourado. Queria eu no “Revoar” conseguir atingir esse estado de espírito, essa áurea, esse élan que me apregoou os olhos na sua poética. Sim, a técnica pode sim me transformar. Entretanto é necessário, dedicação, disciplina, porque brincar de transformar em verdade o que não existe não é fácil quando há uma entrega mútua, de mim para a arte, da arte para mim. É uma relação de honestidade e não de parasitismo, como infelizmente muita gente pensa e faz o teatro “acontecer”. Pensei sobre minhas limitações, pensei no quanto não tenho consciência sobre meu corpo, sobre o princípio dos impulsos (Jerzy Grotowski), sobre os isolamentos que posso propor em cena, sobre a ação que germina da coluna e reverbera no restante do corpo (Étienne Decroux), sobre o centro de energia que posso acumular no meu ventre, sobre as transições que posso oferecer para gerar um alerta contínuo no espectador diante das situações que vivo em cena, sobre a criação da ilusão para rompê-la (Bertolt Brecht), sobre a assimetria que meu corpo pode sugerir sempre para gerar conflito, despertar curiosidade, sobre as oposições para criar tensões (Vsevolod Meyerhold), sobre as ações físicas para preencher meus movimentos de sentido e revelar complexidade psicológica através do meu corpo (Constantin Stanislavski) e outra série de recursos que com técnica, muita técnica, são possíveis. Pensei sobre meu trabalho vocal, o quanto ainda posso melhorar minha dicção, anular meu sotaque, projetar minha voz utilizando a força do diafragma, sustentar nas vogais para reverberar meus sons, pronunciar cada palavra até o fim com verdade, com a força que cada uma merece, com a sombra que cada uma carrega. Trazer minha voz como um membro do meu corpo (Lúcia Helena Gayotto), cada frase como uma ação concreta, trazê-la orgânica à situação que eu me propor, trazê-la como parte de uma coisa só: o monômio corpo-voz.

“Revoar” é, sem dúvida, um dos meus maiores desafios, e hoje, uma semana antes de entrar em cena com a concepção mais livre que até então já participei, vejo-me desvencilhado, completamente vazado, absorvendo feito pedra porosa um mundaréu de possibilidades que outrora aprendi em teoria, mal exerci em prática e o tempo e a inadimplência me fizeram esquecer. Definitivamente, teatro é para quem é disciplinado. Se sempre quis ser bom no que me propus a fazer, preciso deixar o mundo de lado e pensar em dedicar minha vida à minha arte. É uma renúncia em nome do meu desenvolvimento para que o meu teatro seja de um refinamento indiscutível, para que o olhar alheio sinta-se como me senti diante de Julia.

Barba, com uma bela metáfora, dissertou sobre sua bigamia teoria-prática, trouxe sua teoria como uma pedra de gelo, mas afirmou que não há nada como a prática, que é água líquida, essencial, fresca, moldável, adaptável, surpreendente. Escrever é reinventar a experiência, mas nunca é a mesma coisa da experiência viva. Experiência é água líquida. E dessa água preciso beber, preciso deixar os cubos de gelo derreterem para banhar-me destemido nesse líquido puro, vital para manter-me bem na profissão que elegi como prioridade. Afora as mil e uma renúncias, ser ator é, acima de tudo, estudar muito e nunca se esquecer de quebrar as rochas gélidas que os livros nos propõem, porque hidratar-se é o segundo passo, e quando essa água também é alimento, hidratar-se é indiscutivelmente fundamental.

Danilo Castro
29.11.2009
   

domingo, 2 de maio de 2010

Refresco...




É extremamente interessante o ponto de vista que a propaganda tem. Mas de que adianta dizer que é rigoroso quando não é?

Além do que, é interessante que o vídeo diz +/- assim: se você quer cometer esse crime, não venha ao Brasil.... A propaganda não combate o crime, apenas quer que ele não seja cometido no Brasil....

Pimenta nos olhos dos outros é o que?

quinta-feira, 11 de março de 2010

Depoimentos

Silvero Pereira:
REVOAR, espetáculo do Grupo de Pesquisas e Experimentações Teatrais (GPET), estreante como grupo e como espetáculo na cena cearense, trás aos palcos um novo Andrei Bessa, conhecido por seus trabalhos com o CAMBADA PRODUÇÔES. Nesse, destaco uma direção mais presente, mais consciente e consistente, talvez por encontrar neste específico o centro de informações e comando, não que eu acredite apenas no teatro do diretor, pois também realizo diversos trabalhos com o Grupo 3X4 de Teatro onde a produção coletiva é muito válida. Entretanto, em REVOAR, o controle da cena é mais evidente, os atores estão mais seguros e capazes de improvisar se apropiando das marcas sugeridas, não impostas. Trata-se de uma investigação pós-dramática na construçao da cena e do texto, principalmente. Raissa Starepravo e Danilo Castro estão encantadores, ainda mais quando todos os elemento cênicos se escondem para dar espaço aos atores, tirando as penas que invadem a atmosfera do espetáculo (e isso é maravilhoso).



Aline Campêlo:
Bem, seria melhor dizer: Sentir o REVOAR? Porque a peça é sentimento, é sensação e, acima de tudo, é toque, daquele cheio de sutilezas.
O branco do cenário nos remete aos sonhos que cada personagem narra ali naquela linha férrea; e a vontade daqueles dois seres de voar, pra longe e pra perto um do outro.
Tudo isso em contraste com o preto do solo, que, para mim, representou o lado negro da história, ou seja, a realidade que vivem e que ambos tem que encarar toda vez que saem de perto um do outro. Cada vez que se mexem no espaço, o negro fica mais exposto, podendo, a qualquer momento, Wille e Tom cair de vez, se é que já não estão caindo, aos poucos.
É, falar de REVOAR é ter dúvidas, é ter vontade de ver mil vezes pra tentar descobrir mais e mais.
Recomendar o REVOAR? Com certeza, eu diria. É um espetáculo lindo, por dentro e por fora!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Depoimentos

Angela Moura:
O Revoar, é um Espetáculo que pra mim acima de tudo, traduz o espirito "poético performen" do diretor que de forma despretenciosa ópta, ao meu ver, por uma cadência de movimentos aleatórios que se misturam ao texto que aparece fragmentado mas apoiado no plano emocional do tema que não perde sua força apesar da sutileza com que é tratado. É uma grande tentativa por um teatro moderno "sem fins lucrativos" que nos impulsiona a fazer uma leitura menos óbvia e mais mental, olhando por uma ótica mais radical. E o grande desafio fica para os atores que precisam se ver de forma mais intensa nessa proposta acreditando e se jogando com o mesmo ímpeto e ousadia que percebemos na concepção.


Júnior Lins:
Poético, intrigante, musical, interessante... gostei mto da peça... faz mto refletir... gostei do texto.. no início pensei q fosse algo muito simplório.. mas não é.. a única tensão foi devido minhas alergias.. uhauhahuahuuha.. fiquei com muito medo de ter uma crise de espirros.. auhahhau

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Final de temporada

Foto de Walmick Campos

Revoar concluiu mais um círculo.
Sempre é bom terminar com a sensação de dever cumprido, de que fizemos o nosso máximo e, principalmente, de que valeu a pena!

A hora agora é de fazer um balanço. Estamos revitalizando idéias antigas, para que em breve possamos voltar com muito mais pique para revoar novamente!

Não fique avastado do blog, dê sua opinião.... sempre que possível, estaremos atualizando o blog, seja sobre o espetáculo.... seja sobre a pesquisa! Esse espaço é nosso.


Foto de Walmick Campos

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

ponto de interrogação?

É muito comum o público ter questionamentos sobre o que se está observado..... Em geral, não gosto de responder algumas questões... não sei exatamente porque...

de qualquer forma, resolvemos criar um espaço em que as pessoas possam nos perguntar e obter respostas, independente sobre o que seja (a pesquisa, o processo, as referências ou alguma cena específica).....

você pode ir diretamente nesse site: http://www.formspring.me/revoar
ou usar a caixinha preta aí do lado ("Ask me anything").


Participe!

=-D